A energia solar em Curitiba, mesmo comparada à região mais ensolarada do país, tempo frio, umidade do ar e custo da tarifa energética tornam a tecnologia fotovoltaica mais econômica na capital paranaense

Por esta poucos esperavam. Curitiba é melhor que a Bahia para geração de energia fotovoltaica. A condição é resultado de um conjunto de fatores que, somados, explicam como uma das capitais mais nubladas do Brasil pode superar o estado mais iluminado na geração de eletricidade a partir da fonte solar.

“Em locais como Curitiba, com tempo mais frio e úmido, os sistemas trabalham na condição ideal de temperatura e tendem a ficar mais limpos, sem camadas de pó que costumam acumular em regiões mais secas e acabam comprometendo o desempenho ou a durabilidade dos módulos”, explica o engenheiro eletricista Marcos Kurata. Segundo ele, em estados mais quentes, bolsas de calor tendem a se formar sob as estruturas quando as temperaturas se elevam demais, o que compromete a penetração do sol e, em alguma medida, pode alterar o desempenho do sistema.

A incidência solar que atinge a Bahia é, de fato, superior à de Curitiba. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Agência Espacial Americana (NASA), na primeira região, considerada a mais ensolarada do Brasil, o índice de insolação é de 2.350 quilowatts-hora por metro quadrado ao ano (kWh/m²). Em Curitiba, a média é menor – de 1.800 kWh/m².

Na Bahia, um sistema de quatro módulos com um quilowatt-pico (kWp) de potência instalada tem capacidade para produzir, em um ano, 1.700 quilowatts-hora kW/h. A porção atende a demanda energética mensal de uma família com consumo médio de até 190 kW/h. Na capital paranaense, o mesmo sistema produziria em torno de 1.470 kW/h no mesmo período, o suficiente para suprir uma demanda mensal de 170 kW/h. “É importante lembrar que diante de qualquer porção luminosa os módulos já operam. Geram menos eletricidade, mas trabalham mesmo em dias nublados”, explica o engenheiro.

Tarifa é determinante

Segundo Kurata, entretanto, o principal fator que torna a tecnologia mais competitiva por aqui, é o custo da tarifa energética. Enquanto no Paraná o preço médio pago pelo usuário por quilowatt é de R$ 0,76, na Bahia, é de R$ 0,62. “Imaginando que a tarifa paranaense fosse praticada no Nordeste, enquanto a economia mensal gerada por um sistema em Curitiba fica em R$ 95, na Bahia, a redução seria de R$ 90. Em resumo, quanto mais alto o custo da luz, mais rentável é um sistema solar”, explica.

 

Fonte: Gazeta do Povo